domingo, 13 de novembro de 2011

A Resposta



 Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém

Há poucos dias, na comemoração da Jornada Missionária Mundial, o Papa Bento XVI canonizou três figuras de proa na estrada da santidade: o bispo Guido Maria Conforti, o sacerdote Luigi Guanella e a religiosa Bonifacia Rodríguez de Castro. O primeiro deles, São Guido Maria Conforti, fundador dos Missionários Xaverianos, tem seus rastros deixados na história missionária da Amazônia, inclusive na Arquidiocese de Belém, pela presença heróica de pessoas que beberam na fonte de seu zelo apostólico. Sua vida foi demonstração de um caráter decidido a corresponder à caridade de Cristo que, na contemplação do Crucificado, o atraiu de modo irresistível. Sentiu fortemente a urgência de anunciar este amor a todos que ainda não o conheciam, movido pela palavra do apóstolo São Paulo: “O amor de Cristo nos impele” (2 Cor 5, 14). Ao contemplar a Cruz de Cristo, via abrir-se o horizonte do mundo inteiro, identificando o urgente desejo, escondido no coração de cada homem e cada mulher, de receber e acolher o anúncio do único amor que salva.

Os tempos que correm gritam pela resposta da santidade! As pessoas estão cansadas da mediocridade. Falta-lhes a poesia da perfeição interior, quando se lhes oferece apenas a fotografia da violência ou da corrupção. Estamos por demais acostumados com a maldade, com ouvidos surdos ao clamor que tenho identificado especialmente nos jovens, desejosos de Evangelho, sonhando com uma vida mais conforme à vontade de Deus. Na recente Jornada Mundial da Juventude, era emblemático ver a incontável multidão de jovens que dobrava os joelhos diante do Senhor Sacramentado, unindo-se em adoração, junto com Bento XVI, para aprender e ensinar de novo que vale mais uma pessoa que se ajoelha do que todas as batalhas do mundo. Em nossa terra pode ressoar de novo a palavra do Beato João Paulo II, numa de suas visitas ao Brasil: “O Brasil precisa de santos, o Brasil precisa de muitos santos!” Desejo fazer, sim, propaganda da santidade.

Na Carta Apostólica “Novo millenio ineunte” (NMI 30-42), João Paulo II traçou um programa da santidade, coerente com a “Carta do Reino”, o Sermão da Montanha (Mt 5-7), no qual se encontram as Bem-aventuranças (Mt 5, 1-12), que a Igreja proclama na festa de todos os Santos. É dele que queremos recolher algumas propostas, para responder ao grito de nosso tempo. São ideais capazes de revolucionar a vida, na medida em que são acolhidos. As propostas da Igreja parecem muito simples. O problema é nossa tendência a complicar, quando não aceitamos indicações tão singelas. Vamos a elas!

Dizer na profissão de fé que a Igreja é santa significa apontar o seu rosto de Esposa de Cristo, que a amou, entregando-se por ela para santificá-la (cf. Ef 5,25-26). O dom da santidade é oferecido a cada batizado. O dom gera o dever de moldar a existência cristã inteira: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1 Ts 4,3). É um compromisso que diz respeito a todos os cristãos, chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. A sabedoria de João Paulo II insiste: “Perguntar a um catecúmeno: “Queres receber o Batismo?”significa ao mesmo tempo pedir-lhe: “Queres ser santo?  Significa colocar na sua estrada o radicalismo do Sermão da Montanha: “Sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48).”

O roteiro da santidade pede que aprendamos a rezar. De fato, a oração é o segredo de um cristianismo verdadeiramente vital, sem motivos para temer o futuro porque volta continuamente às fontes e aí se regenera. As comunidades cristãs devem tornar-se autênticas escolas de oração.

Há que se dar relevo à Missa dominical e ao próprio domingo, dia do Senhor ressuscitado e do dom do Espírito. A participação na Eucaristia seja verdadeiramente, para cada batizado, o coração do domingo, um compromisso irrenunciável.

Para superar a crise do “sentido do pecado” e voltar a descobrir em Cristo o coração compassivo e misericordioso, revalorizar o sacramento da Penitência. Sim, confessar-se mais e confessar melhor!

Para alcançar a meta da santidade, a escuta da palavra de Deus se faz urgente, como um encontro vital com o Senhor. Alimentar-nos da Palavra para sermos servos da Palavra no trabalho da evangelização, revivendo em nós o sentimento ardente de Paulo que o levava a exclamar: “Ai de mim se não evangelizar!” (1 Cor 9,16), pois Cristo há de ser proposto a todos com confiança.

Enfim, se verdadeiramente contemplamos o rosto de Cristo, nossa vida haverá de se inspirar no mandamento novo que Ele nos deu: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35).

Buscar a santidade, aprender de novo a rezar, Eucaristia dominical, confissão frequente, escuta da Palavra de Deus, zelo missionário, amor recíproco. Quem quiser, arrisque-se a oferecer respostas tão simples ao mundo. Garanto que dá certo!

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