terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Evangelho segundo São Mateus 6,7-15


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7"Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos.


Terça-feira, 28 de Fevereiro de 2012.
SANTO DO DIA: São Romano, abade; Beato Timoteo Trojanowski, (Stanislaw Tymoteusz) Religioso e Mártir
Primeira leitura: Isaías 55,10-11 
Leitura do Livro do Profeta Isaías: 

Isto diz o Senhor: 10Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, 11assim a palavra que sair de minha boca não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la.
- Palavra do Senhor
Graças a Deus

SALMO 34
Comigo engrandecei ao Senhor Deus, exaltemos todos juntos o seu nome! Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu, e de todos os temores me livrou.
R: O Senhor liberta os justos de todas as angústias.
- Contemplai a sua face e alegrai-vos, e vosso rosto não se cubra de vergonha! Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido, e o Senhor o libertou de toda angústia.
R: O Senhor liberta os justos de todas as angústias.
- O Senhor pousa seus olhos sobre os justos, e seu ouvido está atento ao seu chamado; mas ele volta a sua face contra os maus, para da terra apagar sua lembrança.
R: O Senhor liberta os justos de todas as angústias.
- Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta e de todas as angústias os liberta. Do coração atribulado ele está perto e conforta os de espírito abatido.
R: O Senhor liberta os justos de todas as angústias.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 6,7-15 
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus:
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7"Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. 8Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. 9Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. 11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, 13e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. 14De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. 15Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes".
- Palavra da salvação
- Glória a Vós, Senhor.

Comentário ao Evangelho do dia feito por Santa Teresinha do Menino Jesus
(1873-1897), carmelita, doutora da Igreja - Manuscrito autobiográfico C, 25 r°-v°
«Rezai, pois, assim: 'Pai Nosso'»
Fora do serviço divino, que sou muito indigna de recitar, não tenho coragem para me obrigar a procurar nos livros belas orações; isso faz-me doer a cabeça, há tantas..., e todas tão belas, tanto umas como as outras...
Não quereria, contudo, a minha Madre, que pensásseis que recito sem devoção as orações feitas em comum no coro ou nas ermidas. Pelo contrário, gosto muito das orações em comum, pois Jesus prometeu estar no meio daqueles que se reúnem em Seu nome (Mt 18,19-20). Sei que então o fervor das minhas irmãs faz as vezes do meu; mas rezar o terço sozinha (envergonho-me de o confessar) custa-me mais do que pôr um instrumento de penitência... Reconheço que o rezo tão mal! Por mais que me esforce por meditar os mistérios do rosário, não consigo concentrar a atenção... Durante muito tempo desolei-me por essa falta de devoção que me surpreendia, pois amo tanto a Santíssima Virgem que me deveria ser fácil rezar em sua honra orações que lhe são agradáveis. Agora desolo-me menos, pois penso que a Rainha dos Céus, sendo minha Mãe, verá a minha boa vontade e contentar-se com ela.
Algumas vezes, quando o meu espírito está numa secura tão grande que me é impossível arrancar-lhe algum pensamento para me unir a Deus, recito muito devagarinho um Pai Nosso e depois a saudação angélica [«Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» Lc 1,28]. Então estas orações encantam-me, alimentam muito mais a minha alma do que se as tivesse recitado precipitadamente uma centena de vezes...






sábado, 18 de fevereiro de 2012

Páginas de um diário

Páginas de um diário
Dom Alberto Taveira
Arcebispo Metropolitano de Belém
O tempo corre implacável, oferecendo-nos, em nome de Deus, incontáveis oportunidades. Mas as pessoas andam apressadas e desejam um dia de quarenta e oito horas, para depois pretenderem mais. A velocidade dos meios de comunicação projeta adultos e jovens para metas sempre mais audaciosas. Alguém um dia disse que “o céu é o limite”, expressão que até foi nome de programa de televisão. É natural que, a certo ponto da caminhada, alguém se pergunte a respeito dos rumos e do sentido da própria existência, como também a respeito dos critérios com os quais organiza o uso do precioso tempo. Sabemos que para Deus um dia é como mil anos e mil anos como um dia (Sl 89,4), mas nós estamos no tempo, dependemos de programa, calendários, agenda. Até as crianças das etapas iniciais de vida escolar devem ter suas agendas, nas quais se enviam os recados aos pais ou as próprias crianças enfeitam com seus desenhos, números telefônicos e atividades programadas.

Deparei-me com o Evangelho de São Marcos 1, 29-39 e pareceu-me ser possível reconstituir a organização da “agenda” de Jesus, para “aprender Jesus” e ajudar muita gente a se programar com critérios semelhantes. Nós o vemos na Casa de Oração dos Judeus, chamada Sinagoga, depois em visita à Casa de Simão e André. Ao cair da tarde, está cercado das multidões que desejam sua palavra e seus milagres. Na madrugada do dia seguinte, ei-lo em oração, num colóquio de amor com o Pai, recolhido em lugar deserto, antes de partir para novas etapas de missão.

A vida se organiza no confronto com Deus, tempo dedicado à oração cristã, que é a oração de Jesus. Oração pessoal e comunitária. Silêncio para estar com Deus e participação na vida da Igreja, sobretudo na missa dominical. Tomar um tempo a cada dia, bem escolhido, quando e como a pessoa se sentir bem, a Bíblia nas mãos, leitura, meditação, oração, contemplação e propósito de vida nova. Depois, como um bonito ramalhete composto com amor, levar tudo ao altar de Deus na Santa Missa. Nossa vida, no dizer do grande Dom Helder Câmara, fragmentada nos múltiplos afazeres, é posta à disposição de Deus. Dos muitos “caquinhos” ele compõe um magnífico mosaico, uma história de salvação.

Jesus vai à Sinagoga, onde todos ficaram admirados com seu ensinamento. Era um ensinamento novo, e com autoridade. E sua fama se espalhou rapidamente por toda a região da Galileia. (cf. Mc 1,21-28). A Sinagoga era lugar privilegiado para a leitura e o aprendizado da lei, da Palavra de Deus. Até hoje e assim será sempre para os cristãos. Para discernir o que fazer, como fazer e como organizar a vida, faz-se necessário perguntar o que Deus pensa. Não é necessário aguardar revelações extraordinárias. “Já firmada a fé em Cristo e promulgada a lei evangélica nesta era de graça, não há mais razão para perguntar a Deus, desejando visões e revelações divinas, nem para que ele responda como antigamente. Ao dar-nos, como efetivamente nos deu, o seu Filho, que é a sua única palavra, e não há outra, disse-nos tudo de uma vez nessa palavra e nada mais tem a dizer” (cf. São João da Cruz, “Subida do Monte Carmelo”, Livro 2, capítulo 22). Na Palavra está a fonte da vida e a iluminação para as decisões.

Jesus vai à casa de Simão e André. Vêm à tona suas prioridades, que depois se estendem com a atenção aos enfermos e necessitados. Ele está “na casa”, estabelece relações pessoais e afetivas, cuida das pessoas, cultiva-as de tal modo que as contagia. De fato, a sogra de Simão, curada da febre, se põe a servir a todos (cf. Mc 1,31). Ele dedica tempo aos que sofrem mais, doentes, pobres e todos os necessitados. Tal indicação não seja desprezada. Vale a pena perguntar sobre o espaço dedicado em nossas vidas para o serviço gratuito e livre aos mais pobres. E os que sabem ser mais pobres não são dispensados de tal serviço. Antes, devem primar pelo amor uns aos outros, capaz de edificar as outras pessoas.

Muitos de nós já experimentamos ser procurados e visados pelas pessoas, o que aconteceu em primeiro lugar com o Senhor de nossa fé. Observadores mais curiosos do que piedosos notavam o comportamento de Jesus, até vigiando para ver se respeitava o sábado, jejuava ou lavava as mãos antes das refeições ou anotando seu comportamento religioso das prescrições da lei mosaica a serem cumpridas (Cf. Mc 2,16-28; Mc 3, 1-6; Mc 3, 20-21; Mc 7,1-23).

É com imensa liberdade e com zelo missionário que Jesus quer pregar a todos e testemunhar o Reino pelo qual é apaixonado. Por isso seu programa contempla ir a outros lugares das redondezas, pois para isso ele veio, age com simplicidade, sem formalismo, com a imensa confiança no amor do Pai, com a qual quer contagiar a todos. Os que nele crêem se sabem sempre entregues às mãos da Providência santíssima, sem traumas ou receios que lhes tirem a liberdade. E assim convivem respeitosamente com todos, inclusive com os que têm convicções diferentes.

A nós cristãos chegue o apelo a olhar para a Cruz de Cristo, ponto mais alto e sinal de seu amor eterno. Nela ele se entregou “como remédio contra todos os males que nos sobrevêm por causa dos pecados, mas não é menor a utilidade quanto ao exemplo. Na verdade, a paixão de Cristo é suficiente para orientar nossa vida inteira. Quem quiser viver na perfeição, nada mais tem a fazer do que desprezar aquilo que Cristo desprezou na Cruz e desejar o que ele desejou. Na cruz, não falta nenhum exemplo de virtude” (Santo Tomás de Aquino, Colatio 6 super Credo in Deum). Assim, nossa vida será “organizada” e nossa agenda perfeita!

Que o Pai do Céu conceda a todos os homens e mulheres de fé o dom de priorizar em suas vidas o que efetivamente tem valor. Por isso a Igreja pede em sua oração que ele vele sobre a sua família com incansável amor, pois confiados apenas em sua graça, esperamos ser guardados sob a sua proteção.

“Eu quero, fica curado”

“Eu quero, fica curado”
Dom Alberto Taveira
Arcebispo Metropolitano de Belém
A Igreja celebra anualmente o “Dia Mundial do Enfermo”, comemorado da Festa de Nossa Senhora de Lourdes, onze de fevereiro. A escolha da data indica a importância do Santuário de Lourdes, para onde acorrem multidões de doentes de todo o mundo. Na grande praça do Santuário, perguntei a uma pessoa ali chegada numa cadeira de rodas sobre sua condição e sobre a cura da enfermidade. A resposta foi surpreendente e edificante, quando me declarou ser peregrina fiel, visitando anualmente o Santuário, lavando-se na fonte mostrada pela Imaculada Conceição a Santa Bernadete. Disse-me não ter alcançado a cura física, mas a cura interior era assegurada e sempre mais intensa, a cada vez que ali chegava. Sua resposta transbordava alegria!

Naamã, o Sírio, chegado à porta da casa do profeta Eliseu (2 Rs 5, 9-14), depois de muita renitência, foi lavar-se sete vezes no Rio Jordão. Sua pele tornou-se como a de uma criança. O gesto que lhe foi pedido era tão simples que lhe parecia quase ridículo. Acolheu a palavra de seus empregados, demoliu primeiro o orgulho que lhe ocupava o coração e experimentou a graça da cura. Jesus, por sua vez, encontrando-se várias vezes com leprosos, cheio de compaixão, transforma-lhes radicalmente a vida (cf. Mc 1, 40-45; Lc 17, 1-19). “Se queres, tens o poder de curar-me”, num misto de desespero e confiança, diz um homem marcado pela doença e pela marginalização. Tocar no leproso, gesto inusitado não só naquele tempo, quebra todas as barreiras. O hanseniano das estradas da Galileia certamente se tornou profeta do tempo da Igreja, o nosso tempo! Neste tempo que é nosso, todos encontrem seu lugar, a acolhida e a cura!

“No acolhimento generoso e amoroso de cada vida humana, sobretudo da frágil e doente, o cristão expressa um aspecto importante do seu testemunho evangélico, segundo o exemplo de Cristo, que se debruçou sobre os sofrimentos materiais e espirituais do homem para curá-los. O encontro de Jesus com os dez leprosos, narrado no Evangelho de são Lucas (cf. Lc 17, 11-19), de maneira particular as palavras que o Senhor dirige a um deles: «Levanta-te e vai, a tua fé te salvou!» (v. 19), ajudam a tomar consciência acerca da importância da fé para aqueles que, angustiados pelo sofrimento e pela enfermidade, se aproximam do Senhor. No encontro com ele, podem experimentar realmente que quantos acreditam nunca estão sozinhos! Com efeito, no seu Filho, Deus não nos abandona às nossas angústias e sofrimentos (cf. Mc 2, 1-12), mas está próximo de nós, ajuda-nos a suportá-los e deseja curar profundamente o nosso coração” (Bento XVI, Mensagem para a Jornada Mundial do Enfermo de 2012).
É ainda o Papa Bento XVI que assevera: “Quem, no seu próprio sofrimento e enfermidade, invoca o Senhor, está convicto de que o seu amor nunca o abandona, e que também o amor da Igreja, prolongamento no tempo da sua obra salvífica, jamais desfalece. A cura física, expressão da salvação mais profunda, revela deste modo a importância que o homem, na sua integridade de alma e corpo, reveste para o Senhor. De resto, cada sacramento expressa e põe em prática a proximidade do próprio Deus que, de modo absolutamente gratuito, «nos toca por meio de realidades materiais que ele assume ao seu serviço, fazendo deles instrumentos do encontro entre nós e ele mesmo» (Homilia, Santa Missa Crismal, 1 de Abril de 2010). «Aqui, torna-se visível a unidade entre criação e redenção. Os sacramentos são expressão da corporeidade da nossa fé, que abraça corpo e alma, isto é, o homem inteiro» (Homilia, Santa Missa Crismal, 21 de Abril de 2011).

Ninguém passa em vão perto de Jesus Cristo. Ele cura através de vários “instrumentos”. Sejam hoje valorizados todos os que trabalham pela cura das enfermidades, dos grandes pesquisadores que surpreendem o mundo com suas descobertas, passando pela dignidade de tantos profissionais da medicina, cujo serviço é indispensável à sociedade. Ao seu lado, pessoal de enfermagem, cuidadores de doentes e idosos e tantas outras pessoas que podem fazer de sua profissão verdadeira obra de misericórdia. Jesus cura através do dom da Cura concedido a quem ele quer. Trata-se de um ministério presente em toda a história da Igreja e também em nosso tempo, exercido com o acompanhamento e discernimento dos pastores da Igreja. E o Senhor vai à raiz de todos os males, curando do pecado e proclamando “tua fé te salvou”.

Não se dispense o cuidado preventivo e curativo da saúde, reconheça-se o dom da cura, dêem-se ações de graças pela presença salvadora do Senhor em sua Igreja. Multipliquem-se as orações pela cura das enfermidades e cresça a pastoral da saúde. Dentro de alguns dias começará no Brasil mais uma Campanha da Fraternidade, oferecendo neste ano a contribuição da Igreja para o tema tão importante quanto desafiador, a Saúde pública. A Arquidiocese de Belém realizou um Seminário sobre o tema e desencadeará um processo de envolvimento progressivo dos fiéis católicos e de convite a toda a sociedade, para que a saúde se difunda sobre a terra!

Filhos, os teus pecados estão perdoados"


Data: 16/02/2012
Fonte: Dom Alberto Taveira
"Filhos, os teus pecados estão perdoados"
Dom Alberto Taveira
Arcebispo Metropolitano de Belém
Jesus está em Cafarnaum e a multidão acorre em busca de atenção e de cura. Quatro homens trazem um paralítico (Mc 2, 1-12), que e apresentado diante de Jesus de forma inusitada, descido do telhado numa maca. Dá para imaginar os olhares circunstantes, surpresa pela magnífica manifestação de fé, que se faz solidariedade por parte daqueles homens. Não é menor a expectativa dos adversários de Jesus, sempre vigilantes para analisar e condenar suas atitudes. De sua boca tomamos o ponto de partida de nossa reflexão: “Ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus” (Mc 2,7).Os seres humanos são capazes de cometer pecados, mas não de perdoá-los. O drama de nosso tempo é pretender absolver-se a si mesmo, no dizer de um personagem de Jean Paul Sartre: “Eu mesmo hoje me acuso e só eu posso também absolver-me”. Ou então a outra pretensão, negar que exista um problema chamado pecado. São sinas da perda do sentido moral! Por experiência própria, sabemos que existe o mistério do pecado e da iniquidade e sabemos que o perdão só pode vir do alto!

Quando Jesus encontra o paralítico, sendo Ele mesmo Deus verdadeiro, sem que manifestem externamente, sabe o que pensam seus opositores ali presentes, tanto que vai à raiz do mal que movia seus pensamentos. A cura física que se segue foi a demonstração da restauração verdadeira do interior daquele homem. O mesmo Jesus, “Cordeiro que tira o pecado do mundo”, quer vir e efetivamente vem ao encontro de todos os que se descobrem pecadores e carentes de perdão.

“Tu, Jacó deixaste de me invocar, tu, Israel, ficaste cansado de mim. Não mais me ofereceste cordeiros em holocausto, deixaste de me glorificar com teus sacrifícios. Nunca te afadiguei por oferendas nem te incomodei por causa de incenso. Tu não me compraste com aromas como se fosse dinheiro, nem me saciaste com as carnes gordas dos sacrifícios. Tu, sim, me afadigaste com teus pecados, e me incomodaste com tuas culpas. Eu, eu sou aquele que apaga tuas maldades, por causa de mim mesmo, de teus pecados nunca mais me lembrarei (Is 43,22-25)”. Não é de hoje o relaxamento da consciência e a perda do sentido do pecado. Desde sempre, quem toma a iniciativa é o próprio Deus! Ele perdoa não tanto porque sejamos “bonzinhos”, mas nos provoca positivamente, oferecendo gratuitamente seu perdão. Ele mesmo vai ao encontro das paralisias mais profundas, que nos impedem viver de verdade. Sua aproximação acontece com entranhas de misericórdia. Deus é apaixonado pelos pecadores, ainda que abomine o pecado. É que não fomos feitos para amassar barro na iniquidade, mas feitos para o alto e para caminhar para frente, rumo à plenitude de vida. Seu plano é a comunhão entre as pessoas humanas e com Ele.

O pecado, reconhecido e posto diante de seus olhos, pode ser e é queimado pela graça. “Se caminhamos na luz, como Ele está na luz, então estamos em comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. Ele é a oferenda de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro” (1 Jo 1,7;2,1-2).

Quando a Igreja celebra a Eucaristia, torna-se presente o único sacrifício de Cristo, cujo Sangue foi derramado para o perdão dos pecados. Quando os cristãos se aproximam do Sacramento da Penitência ou Reconciliação, o ministro é instrumento daquele que efetivamente perdoa. É um serviço oferecido às pessoas e à angústia profunda gerada pelo pecado! Além disso, viver na Igreja é sempre entrar numa estrada de pacificação e reconciliação. Somos um povo chamado à paz, cuja fonte é Cristo ressuscitado. Os cristãos têm a grande responsabilidade de serem sinais da possibilidade e da efetiva realização da reconciliação.

Estamos para iniciar a Quaresma. Voltando nossos olhos para o alto e para frente, mirando a Páscoa, vida nova no Cristo ressuscitado. Os cristãos querem oferecer ao mundo um anúncio! A maldade não tem a última palavra, a corrupção e o egoísmo não são o destino último da humanidade. Fomos todos feitos para a vida e a liberdade! Ressoe a palavra de Deus no profeta Isaías, chegando aos corações de todos: “Não deveis ficar lembrando as coisas de outrora, nem é preciso ter saudades das coisas do passado. Eis que estou fazendo coisas novas, estão surgindo agora e vós não percebeis? Sim, no deserto eu abro um caminho, rasgo rios na terra seca” (Is 43,18-19).

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 6,53-56


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 6,53-56 
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:

Naquele tempo, 53tendo Jesus e seus discípulos acabado de atravessar o mar da Galileia, chegaram a Genesaré e amarraram a barca. 54Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. 55Percorrendo toda aquela região, levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. 56E, nos povoados, cidades e campos onde chegavam, colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste. E todos quantos o tocavam ficavam curados.
- Palavra da salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Comentário ao Evangelho do dia feito por Santa Teresa de Ávila (1515-1582)
Carmelita e Doutora da Igreja - Caminho de Perfeição, cap. 34, 9-11
«E quantos O tocavam ficavam curados»
Pois se, quando [Jesus] andava neste mundo, só o tocar as Suas vestes sarava os enfermos, como duvidar, se temos fé, de que faça milagres estando assim dentro de nós [na comunhão eucarística], e de que nos dará o que Lhe pedirmos estando Ele em nossa casa (Ap 3,20)? Não costuma Sua Majestade pagar mal a pousada quando Lhe dão boa hospedagem. E, irmãs, se vos dá pena o não O ver com os olhos do corpo, tal não nos convém. [...]
Porque àqueles a quem vê que hão-de tirar proveito da Sua presença, Ele Se descobre e, ainda que O não vejam com os olhos do corpo, tem muitas maneiras de Se mostrar à alma por grandes sentimentos interiores e por diversas vias. Ficai-vos com Ele de boa vontade e não percais tão boa ocasião de a Ele vos dirigirdes, como é a hora depois de ter comungado.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 6,30-34


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 6,30-34 
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:
Naquele tempo, 30os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31Ele lhes disse: "Vinde sozinhos para um lugar deserto, e descansai um pouco". Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. 32Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé, e chegaram lá antes deles. 34Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.
- Palavra da salvação
- Glória a vós, Senhor.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 2,22-40


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 2,22-40 
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas:
22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na lei do Senhor: "Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor". 24Foram também oferecer o sacrifício - um par de rolas ou dois pombinhos - como está ordenado na Lei do Senhor. 25Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29"Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel".  33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: "Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma". 36Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para Nazaré, sua cidade. 40O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.
- Palavra da Salvação
- Glória a Vós, Senhor.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 6,1-6


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 6,1-6 
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:
Naquele tempo, 1Jesus partiu dali e foi para a sua pátria, Nazaré, seguido de seus discípulos. 2 Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o ouviam e, tomados de admiração, diziam: Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada, e como se operam por suas mãos tão grandes milagres? 3Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito. 4Mas Jesus disse-lhes: Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa. 5Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. 6Admirava-se ele da desconfiança deles. E ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas.
- Palavra da Salvação
- Glória a Vós, Senhor.
Comentário ao Evangelho do dia feito por São Josemaría Escrivá de Balaguer
(1902-1975), presbítero, fundador - Homilia «Na Oficina de José», de «Cristo que passa», §§ 55-56
«Não é Ele o carpinteiro?»
José amou Jesus como um pai ama o seu filho, tratou-O dando-Lhe tudo que de melhor tinha. José, cuidando daquele Menino como lhe tinha sido ordenado, fez de Jesus um artesão: transmitiu-Lhe o seu ofício. Por isso, os vizinhos de Nazaré falavam de Jesus chamando-lhe indistintamente «carpinteiro» e «filho do carpinteiro» (Mt 13,55). [...]
Por isso, Jesus devia parecer-se com José no modo de trabalhar, nos traços do Seu carácter, na maneira de falar. No realismo de Jesus, no Seu espírito de observação, no Seu modo de se sentar à mesa e de partir o pão, no Seu gosto por falar dum modo concreto tomando como exemplo as coisas da vida corrente, reflecte-se o que foi a infância e a juventude de Jesus e, portanto, a Sua convivência com José. Não é possível desconhecer a sublimidade do mistério. Esse Jesus que é homem, que fala com o sotaque de uma determinada região de Israel, que Se parece com um artesão chamado José, é o Filho de Deus. E quem pode ensinar alguma coisa a Deus? Mas é realmente homem e vive normalmente: primeiro como menino; depois como rapaz que ajuda na oficina de José; finalmente, como homem maduro, na plenitude da idade. «Jesus crescia em sabedoria, em idade e em graça diante de Deus e dos homens» (Lc 2,52).
José foi, no aspecto humano, mestre de Jesus; conviveu com Ele diariamente, com carinho delicado, e cuidou d'Ele com abnegação alegre. Não será esta uma boa razão para considerarmos este varão justo, este Santo Patriarca no qual culmina a fé da Antiga Aliança, Mestre de vida interior?

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 5,21-43


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 5,21-43
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:

Naquele tempo, 21Jesus atravessou de novo, numa barca, para a outra margem. Uma numerosa multidão se reuniu junto dele, e Jesus ficou na praia. 22Aproximou-se, então, um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Quando viu Jesus, caiu a seus pés, 23e pediu com insistência: "Minha filhinha está nas últimas. Vem e põe as mãos sobre ela, para que ela sare e viva!" 24Jesus então o acompanhou. Numerosa multidão o seguia e comprimia. 25Ora, achava-se ali uma mulher que, há doze anos, estava com hemorragia; 26tinha sofrido nas mãos de muitos médicos, gastou tudo o que possuía, e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais. 27Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se dele por detrás, no meio da multidão, e tocou na sua roupa. 28Ela pensava: "Se eu ao menos tocar na roupa dele, ficarei curada". 29A hemorragia parou imediatamente, e a mulher sentiu dentro de si que estava curada da doença. 30Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele. E, voltando-se no meio da multidão, perguntou: "Quem tocou na minha roupa?" 31Os discípulos disseram: "Estás vendo a multidão que te comprime e ainda perguntas: ‘Quem me tocou'?" 32Ele, porém, olhava ao redor para ver quem havia feito aquilo. 33A mulher, cheia de medo e tremendo, percebendo o que lhe havia acontecido, veio e caiu aos pés de Jesus, e contou-lhe toda a verdade. 34Ele lhe disse: "Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença". 35Ele estava ainda falando, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, e disseram a Jairo: "Tua filha morreu. Por que ainda incomodar o mestre?" 36Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: "Não tenhas medo. Basta ter fé!" 37E não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. 38Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a confusão e como estavam chorando e gritando. 39Então, ele entrou e disse: "Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, mas está dormindo". 40Começaram então a caçoar dele. Mas, ele mandou que todos saíssem, menos o pai e a mãe da menina, e os três discípulos que o acompanhavam. Depois entraram no quarto onde estava a criança. 41Jesus pegou na mão da menina e disse: "Talitá cum" - que quer dizer: "Menina, levanta-te!" 42Ela levantou-se imediatamente e começou a andar, pois tinha doze anos. E todos ficaram admirados. 43Ele recomendou com insistência que ninguém ficasse sabendo daquilo. E mandou dar de comer à menina.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 5,1-20


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 5,1-20
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:

Naquele tempo, 1Jesus e seus discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2Logo que saiu da barca, um homem possuído por um espírito impuro, saindo de um cemitério, foi a seu encontro. 3Esse homem morava no meio dos túmulos e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas vezes tinha sido amarrado com algemas e correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava as algemas. E ninguém era capaz de dominá-lo. 5Dia e noite ele vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 6Vendo Jesus de longe, o endemoninhado correu, caiu de joelhos diante dele 7e gritou bem alto: "Que tens a ver comigo, Jesus, Filho do Deus altíssimo? Eu te conjuro por Deus, não me atormentes! 8Com efeito, Jesus lhe dizia: "Espírito impuro, sai desse homem!" 9Então Jesus perguntou: "Qual é o teu nome?" O homem respondeu: "Meu nome é ‘Legião', porque somos muitos". 10E pedia com insistência para que Jesus não o expulsasse da região. 11Havia aí perto uma grande manada de porcos, pastando na montanha. 12O espírito impuro suplicou, então: "Manda-nos para os porcos, para que entremos neles". 13Jesus permitiu. Os espíritos impuros saíram do homem e entraram nos porcos. E toda a manada - mais ou menos uns dois mil porcos - atirou-se monte abaixo para dentro do mar, onde se afogou. 14Os homens que guardavam os porcos saíram correndo e espalharam a notícia na cidade e nos campos. E as pessoas foram ver o que havia acontecido. 15Elas foram até Jesus e viram o endemoninhado sentado, vestido e no seu perfeito juízo, aquele mesmo que antes estava possuído por Legião. E ficaram com medo. 16Os que tinham presenciado o fato explicaram-lhes o que havia acontecido com o endemoninhado e com os porcos. 17Então começaram a pedir que Jesus fosse embora da região deles. 18Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse ficar com ele. 19Jesus, porém, não permitiu. Entretanto, lhe disse: "Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti". 20E o homem foi embora e começou a pregar na Decápole tudo o que Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário ao Evangelho do dia feito por Beato Charles de Foucauld 
(1858-1916), eremita e missionário no Saara - Meditações sobre os Evangelhos, n°194
«Jesus voltou para o barco e o homem que fora possesso
suplicou-Lhe que o deixasse andar com Ele. Não Lho permitiu»
A verdadeira, a única perfeição, não é ter este ou aquele tipo de vida, é fazer a vontade de Deus; é ter a vida que Deus quer, onde Ele quer, e vivê-la como Ele próprio a viveria. Quando Ele nos permite escolher, então sim, procuremos segui-l'O passo a passo o mais exactamente possível, partilhar a Sua vida tal como ela foi, como os apóstolos o fizeram ao longo da Sua vida e após a Sua morte: o amor leva-nos a imitá-l'O. Se Deus permite esta escolha, esta liberdade, é precisamente porque quer que abramos as nossas velas ao vento do amor puro e, empurrados por ele, «corramos atrás do seu perfume» (Ct 1,4 LXX), em imitação perfeita, como São Pedro e São Paulo. [...]
E se um dia Deus quiser tirar-nos, por algum tempo ou para sempre, deste caminho tão belo e tão perfeito, não nos perturbemos nem nos surpreendamos. Os Seus desígnios são insondáveis: poderá fazer por nós, a meio ou no fim da caminho, o que fez ao geraseno no início. Obedeçamos, façamos a Sua vontade [...], andemos por onde Ele quiser, levemos a vida que a Sua vontade designar. Mas aproximemo-nos d'Ele com todas as nossas forças em toda a parte, e vivamos todas as situações, todas as condições, como Ele próprio as teria vivido, comportando-nos como Ele Se teria comportado se, pela vontade do Pai, Se tivesse encontrado na situação em que nós nos encontramos.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 1,21-28


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 1,21-28
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:
21Na cidade de Cafarnaum, num dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei. 23Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24"Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus". 25Jesus o intimou: "Cala-te e sai dele!" 26Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: "O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!" 28E a fama de Jesus logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 4,35-41


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 4,35-41
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:
35Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: "Vamos para a outra margem!" 36Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava na barca. Havia ainda outras barcas com ele. 37Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. 38Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: "Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?" 39Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: "Silêncio! Cala-te!" O vento cessou e houve uma grande calmaria. 40Então Jesus perguntou aos discípulos: "Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?" 41Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: "Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?"
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.


Comentário ao Evangelho do dia feito por Santa Teresinha do Menino Jesus 
(1873-1879), carmelita, Doutora da Igreja - Manuscrito autobiográfico A, 75 vº - 76 rº
«Jesus, à popa, dormia sobre uma almofada»
Eu deveria, querida Madre, ter-vos falado do retiro que precedeu a minha profissão de fé. Esteve longe de me trazer consolação: a mais absoluta aridez e quase o abandono foram o que me coube, Jesus dormia como sempre na minha pequena barquinha; ah, bem vejo como raramente as almas O deixam dormir tranquilamente em suas barcas, Jesus anda tão cansado por ter sempre trabalhos para fazer e por ter de tomar tantas iniciativas, que logo Se apressa a aproveitar o repouso que Lhe ofereço. Não acordará certamente antes do meu retiro para a eternidade, mas isto, em vez de me causar sofrimento, dá-me na verdade um extremo prazer.
Claro que estou longe de ser uma santa, e o que acabo de dizer prova-o bem. Deveria, em vez de me regozijar com esta minha secura, atribuí-la ao meu pouco fervor e pouca fidelidade, deveria afligir-me por dormir (desde há sete anos) durante as orações e as acções de graças. Pois bem, não me aflijo com isso; penso que as criancinhas agradam tanto a seus pais enquanto dormem como quando estão acordadas; penso que, para fazer operações, os médicos põem os doentes a dormir. Enfim, penso que o Senhor conhece bem a nossa fragilidade, «sabe de que somos formados; não Se esquece de que somos pó da terra» (Sl 102,14).
O meu retiro de profissão de fé foi pois, como todos os que se seguiram, um retiro de grande aridez. No entanto, o Bom Deus mostrava-me à evidência, sem que eu me apercebesse, a maneira de Lhe agradar e de praticar as mais sublimes virtudes. Bastas vezes percebi que Jesus não quer dar-me provisões: nutre-me, a cada instante, com um novo alimento; encontro-o em mim sem saber como ali veio parar. Acredito simplesmente que é o próprio Jesus, escondido no fundo deste meu pobre e pequeno coração, Quem faz a graça de agir em mim, Quem me faz pensar em tudo o que quer que eu faça no presente momento.



Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 4,26-34


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 4,26-34
Proclamação do Evangelho de jesus Cristo segundo São Marcos:
Naquele tempo, 26Jesus disse à multidão: "O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. 27Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. 28A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga. 29Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou". 30E Jesus continuou: "Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? 31O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. 32Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra". 33Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. 34E só lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Ambrósio
(v. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja
Comentário ao evangelho de Lucas, VII
Cristo semeado na terra
Foi num jardim que Cristo foi preso e sepultado; Ele cresceu neste jardim e até foi aí que ressuscitou. E assim se tornou uma árvore. [...] Vós também, semeai Cristo no vosso jardim. [...] Com Cristo moei o grão de mostarda, prensai-o e semeai a fé. A fé é prensada quando cremos em Cristo crucificado. Paulo semeava a fé quando dizia: «Quando eu fui ter convosco, irmãos, para vos anunciar o testemunho de Cristo, não fui com sublimidade de espírito ou de sabedoria. Julguei não dever saber coisa alguma entre vós a não ser Jesus Cristo, e Este crucificado» (1Co 2,1-2). [...] Ora, nós semeamos a fé quando, apoiados no Evangelho ou nas leituras dos apóstolos e dos profetas, cremos na Paixão do Senhor; semeamos a fé quando a cobrimos com terra lavrada e tornada mais leve com a carne do Senhor. [...] Com efeito, quem crê que o Filho de Deus Se fez homem crê que Ele morreu por nós e crê que ressuscitou por nós. Assim sendo, semeio a fé quando planto a sepultura de Cristo no meio do meu jardim.
Quereis saber que Cristo é uma semente e que é Ele que é semeado? «Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer dá muito fruto» (Jo 12,24). [...] Foi o próprio Cristo que o disse. Portanto, Ele é ao mesmo tempo semente de trigo porque «robustece o coração do homem» (Sl 103,15), e semente de mostarda porque aquece o coração do homem. [...] É grão de trigo quando se trata da Sua ressurreição, porque a palavra de Deus e a prova da sua ressurreição alimentam as almas, aumentam a esperança e fortalecem o amor - pois Cristo é «o pão de Deus que desce do céu» (Jo 6,33). E é grão de mostarda porque há mais amargura e azedume quando se fala da Paixão do Senhor.


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 3,31-35


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 3,31-35
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:

Naquele tempo, 31chegaram a mãe de Jesus e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura". 33Ele respondeu: "Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?" 34E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe".
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Agostinho (354-430)
Bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja - Sobre a santa virgindade, cap. 5
«Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que
é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe»
As que se consagram inteiramente ao Senhor não devem afligir-se pelo facto de, guardando a sua virgindade como Maria, não se poderem tornar mães segundo a carne. [...] Aquele que é o fruto de uma única Virgem santa é a glória e a honra de todas as outras santas virgens, pois, tal como Maria, elas são mães de Cristo, se fizerem a vontade de Seu Pai. A glória e a felicidade de Maria como Mãe de Cristo brilha sobretudo nas palavras do Senhor: «Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe.» Ele indica assim a paternidade espiritual que O liga ao povo que resgatou. Os Seus irmãos e irmãs são os santos homens e as santas mulheres que são co-herdeiros com Ele da Sua herança celeste (cf Rm 8,17).
Sua mãe é a totalidade da Igreja, pois é ela que, pela graça de Deus, dá à luz os membros de Cristo, isto é, àqueles que Lhe são fiéis. Sua mãe é ainda toda a alma santa que faz a vontade de Seu Pai e onde a caridade fecunda se manifesta naqueles que dá à luz por Ele, «até que Cristo Se forme entre vós» (Gl 4,19). [...]
Entre todas as mulheres, Maria é a única que é ao mesmo tempo virgem e mãe, não apenas pelo espírito, mas também com o corpo. Ela é Mãe segundo o espírito [...] dos membros de Cristo, isto é, de nós próprios, porque cooperou com a sua caridade para dar à luz, na Igreja, os fiéis, que são os membros desse Chefe divino, nossa cabeça (cf Ef 4,15-16), de Quem Ela é verdadeiramente Mãe segundo a carne. Era preciso, com efeito, que o nosso Chefe nascesse segundo a carne duma virgem, para nos ensinar que os Seus membros deveriam nascer, segundo o espírito, doutra virgem, que é a Igreja. Maria é, assim, a única que é Mãe e Virgem ao mesmo tempo, tanto no corpo como no espírito. Mas também a totalidade da Igreja, nos seus santos que deverão possuir o Reino de Deus, é, segundo o espírito, mãe de Cristo e virgem de Cristo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 1,14-20


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 1,14-20
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:
14Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15"O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!" 16E, passando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17Jesus lhes disse: "Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens". 18E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. 19Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; 20e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário ao Evangelho do dia feito por São Leão Magno (? - c. 461)
Papa e doutor da Igreja - Sermão 1 para a Natividade do Senhor, 1-3; PL 54, 190
«Arrependei-vos e acreditai no Evangelho»
Dêmos graças, irmãos bem-amados, a Deus Pai, por Seu Filho, no Espírito Santo; porque na Sua imensa misericórdia e no Seu amor por nós, teve piedade de nós e «precisamente a nós que estávamos mortos pelas nossas faltas, deu-nos a vida com Cristo» (Ef 2,5), para nos modelar e nos criar de novo. Dispamo-nos pois do homem velho e de suas acções (Col 3,9) e, porque somos admitidos a participar no nascimento de Cristo, renunciemos a esta nossa maneira chã de viver.
Cristão, toma consciência da tua dignidade: porque agora participas da natureza divina (2Pe 1,4), não tornes aos erros da tua conduta passada. Lembra-te de Quem é a tua cabeça e de que corpo és membro (Ef 4,15-16). Recorda-te de que foi «Ele que nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o Reino do Seu amado Filho». Pelo sacramento do baptismo tornaste-te templo do Santo Espírito (1Co 6,19); livra-te de fazeres com que Se afaste, pelas tuas más acções, tão insigne hóspede, e de caíres no domínio do demónio, porque foste resgatado pelo sangue de Cristo.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 3,20-21


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 3,20-21
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:

Naquele tempo, 20Jesus voltou para casa com os discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. 21Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Comentário ao Evangelho do dia feito por Beata Teresa de Calcutá (1910-1997),
Fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade - No Greater Love
Jesus, um homem que alimenta
Quando Jesus veio a este mundo, amou-o tanto que deu a vida por ele. Ele veio saciar a nossa fome de Deus. Como? Tornando-se Ele próprio Pão da Vida. Fez-Se pequeno, frágil, desarmado por nós. As migalhas de pão são tão minúsculas que até um bebé pode mastigá-las, até um moribundo pode comê-las. Ele transformou-Se em Pão da Vida para saciar o nosso apetite de Deus, a nossa fome de Amor.
Não me parece que tivéssemos sido capazes de amar a Deus se Jesus não Se tivesse tornado um de nós. E foi para nos tornar capazes de amar a Deus que Ele Se tornou um de nós em tudo excepto no pecado. Criados à imagem de Deus, fomos criados para amar, porque Deus é amor. Através da Sua Paixão, Jesus ensinou-nos a perdoar por amor, a esquecer pela humildade. Descobre Jesus e descobrirás a paz.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 3,13-19


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 3,13-19
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:

Naquele tempo, 13Jesus subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram até ele. 14Então Jesus designou Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, 15com autoridade para expulsar os demônios. 16Designou, pois, os Doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; 17Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer "Filhos do trovão"; 18André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, 19e Judas Iscariotes, aquele que depois o traiu.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 3,7-12


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 3,7-12
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:
Naquele tempo, 7Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. 8E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9Então Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão, para que não o comprimisse. 10Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal jogavam-se sobre ele para tocá-lo. 11Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: "Tu és o Filho de Deus!" 12Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.


Comentário ao Evangelho do dia feito por São Bernardo (1091-1153)
Monge cisterciense e Doutor da Igreja
Os graus de humildade e de orgulho, cap 3, §§ 6.12
«Os que sofriam de enfermidades caíam sobre
Ele para Lhe tocarem»
Segui o exemplo de Nosso Senhor, que quis sofrer a Sua Paixão para assim aprender a compaixão, sujeitar-Se à miséria para assim compreender os miseráveis. Tal como «aprendeu a obedecer, sofrendo» (Heb 5,8), quis aprender também a misericórdia. [...] Talvez acheis bizarro o que acabo de dizer de Cristo: Ele que é a sabedoria de Deus (1 Cor 1,24), que tinha Ele a aprender? [...]
Reconheceis que ele é Deus e homem numa só pessoa. Enquanto Deus, é eterno, teve sempre conhecimento de tudo; enquanto homem, nascido no tempo, aprendeu muitas coisas no tempo. Desde que começou a ser na nossa carne, começou também a aprender pela experiência as misérias da carne. Teria sido mais feliz e sábio para os nossos primeiros pais não terem de fazer esta experiência, mas o seu criador «veio procurar aquele que estava perdido» (Lc 19,10). Teve pena da Sua obra e veio procurá-la, descendo misericordiosamente para onde ela tinha perecido miseravelmente. [...]
Não foi simplesmente para partilhar a sua desgraça, mas por empatia com a sua miséria e para os libertar: para Se tornar misericordioso, não como um Deus na Sua felicidade eterna, mas como um homem que partilha a situação dos homens. [...] Maravilhosa lógica de amor! Como teríamos nós podido conhecer esta misericórdia admirável se ela não Se tivesse inclinado sobre a miséria existente? Como teríamos podido compreender a compaixão de Deus se ela tivesse permanecido humanamente estranha ao sofrimento? [...] À misericórdia de um Deus, Cristo uniu pois a de um homem, sem a mudar, mas multiplicando-a, como está escrito: «Tu salvarás os homens e os animais, Senhor. Ó Deus, como fizeste abundar a Tua misericórdia!» (Sl 35, 7-8 Vulg).



Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 2,23-28


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 2,23-28
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:
23Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram a Jesus: "Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?" 25Jesus lhes disse: "Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães". 27E acrescentou: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado".
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Comentário ao Evangelho do dia feito por Leão XIII, Papa de 1878 a 1903
Encíclica «Rerum novarum», 23, 24
«Recorda-te de santificar o sábado»
A vida temporal, posto que boa e desejável, não é o fim para que fomos criados; mas é a via e o meio para aperfeiçoar, com o conhecimento da verdade e com a prática do bem, a vida do espírito. O espírito é que tem em si impressa a semelhança divina (Gn 1,26) e é nele que reside aquele principado em virtude do qual foi dado ao homem o direito de dominar as criaturas inferiores e de pôr ao seu serviço toda a terra e todo o mar (Gn 1,28) [...]. Nisto todos os homens são iguais, e não há diferença alguma entre ricos e pobres, senhores e servos, monarcas e súbditos, «porque é o mesmo o Senhor de todos» (Rm 10,12)
A ninguém é lícito violar impunemente a dignidade do homem, do qual Deus mesmo dispõe com grande reverência, nem pôr-lhe impedimentos a que ele siga o caminho daquele aperfeiçoamento que é ordenado à obtenção da vida eterna e celestial. [...]
Daqui vem, como consequência, a necessidade do repouso festivo. Isto, porém, não quer dizer que se deva permanecer num ócio estéril e muito menos significa uma inacção total, como muitos desejam, e que é a fonte de vícios e ocasião de dissipação; trata-se de um repouso consagrado à religião. [...] Eis a principal natureza e o fim do repouso festivo que Deus, com lei especial, prescreveu ao homem no Antigo Testamento, dizendo-lhe: «Recorda-te de santificar o sábado» (Ex 20,8); e que ensinou com o Seu exemplo quando, no sétimo dia, depois de ter criado o homem, repousou: «Repousou no sétimo dia de todas as obras que tinha feito» (Gn 2,2).

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 2,18-22
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:

Naquele tempo, 18os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: "Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?" 19Jesus respondeu: "Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. 20Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar. 21Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. 22Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos".
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário ao Evangelho do dia feito por Odes de Salomão 
(texto cristão hebraico do início do século II) , nº 2
«O Esposo está com eles»
[Pelo baptismo] revesti-me do amor do Senhor (Ga 3,27) [...],
Ele abraça-me.
Não saberia amar o Senhor,
se Ele não me tivesse amado primeiro.
Quem pode compreender o amor,
a não ser aquele que é amado?
Abraço-me ao Amado e minha alma ama-O.
Onde fica o Seu repouso,
aí estou eu (cf Ct 1,7).
Não serei jamais um estranho;
o Altíssimo é misericordioso.
Estou unido a Ele,
porque o Esposo encontrou aquele que ama.
Porque amo o Filho,
torno-me filho.
Sim, quem adere Àquele que não morre
torna-se imortal.
Aquele que se maravilha com a Vida
está também vivo.
Tal é o verdadeiro espírito do Senhor,
que ensina aos homens os Seus caminhos.
Sede sábios, compreendei e estai vigilantes. Aleluia!

Evangelho de Jesus Cristo segundo São João 1,35-42


Evangelho de Jesus Cristo segundo São João 1,35-42
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo São João:
Naquele tempo, 35João estava de novo com dois de seus discípulos 36e, vendo Jesus passar, disse: "Eis o Cordeiro de Deus!" 37Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus. 38Voltando-se para eles e vendo que o estavam seguindo, Jesus perguntou: "O que estais procurando?" Eles disseram: "Rabi (o que quer dizer: Mestre), onde moras?" Jesus respondeu: "Vinde ver". Foram pois ver onde ele morava e, nesse dia, permaneceram com ele. Era por volta das quatro da tarde. 40André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram a palavra de João e seguiram Jesus. 41Ele foi encontrar primeiro seu irmão Simão e lhe disse: "Encontramos o Messias" (que quer dizer: Cristo). 42Então André conduziu Simão a Jesus. Jesus olhou bem para ele e disse: "Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas" (que quer dizer: Pedra).
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Comentário ao Evangelho do dia feito por São Cirilo de Alexandria (380-444)
Bispo e doutor da Igreja - Comentário sobre o Evangelho de João
«Eis o Cordeiro de Deus»
«[João], ao ver Jesus, que se dirigia para ele, exclamou: 'Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!'» (Jo 1,29). Já não é tempo de dizer: «Preparai o caminho do Senhor» (Mt 3,3), uma vez que Aquele para Quem o caminho estava a ser preparado Se deixa ver: de agora em diante, Ele oferece-Se ao nosso olhar. A natureza do acontecimento pede outra expressão; é preciso dar a conhecer Aquele que já lá está, explicar porque é que Ele desceu dos céus e veio até nós. É por isso que João declara: «Eis o Cordeiro de Deus».
O profeta Isaías já no-Lo tinha anunciado, ao dizer que Ele era «como um cordeiro que é levado ao matadouro, ou como uma ovelha emudecida nas mãos do tosquiador» (Is 53,7). A lei de Moisés tinha-O prefigurado, mas [...] só previa uma salvação incompleta e a Sua misericórdia não se estendia a todos os homens. Ora, hoje, o verdadeiro Cordeiro, representado outrora pelos símbolos, a vítima sem culpa, é levada ao matadouro.
Foi para banir o pecado do mundo, expulsar o Exterminador da terra, destruir a morte, morrendo por todos, quebrar a maldição que nos afligia e pôr fim a estas palavras: «Tu és pó e ao pó voltarás» (Gn 3,19). Tornando-Se assim o segundo Adão, de origem celeste e não terrestre (cf. 1Co 15,47), Ele é a fonte de todo o bem para a humanidade [...], o caminho que leva ao Reino dos céus. Pois um só Cordeiro morreu por todos, recuperando para Deus Pai todos os rebanhos que vivem na terra. «Um só morreu por todos» para a todos submeter a Deus; «um só morreu por todos» para ganhar a todos, para que, desde então, todos «os que vivem, não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou» (2Co 5,14-15).

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 2,1-12


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 2,1-12
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:
1Alguns dias depois, Jesus entrou de novo em Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. 2E reuniram-se ali tantas pessoas, que já não havia lugar, nem mesmo diante da porta. E Jesus anunciava-lhes a Palavra. 3Trouxeram-lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens. 4Mas não conseguindo chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram então o teto, bem em cima do lugar onde ele se encontrava. Por essa abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado. 5Quando viu a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: "Filho, os teus pecados estão perdoados". 6Ora, alguns mestres da Lei, que estavam ali sentados, refletiam em seus corações: 7"Como este homem pode falar assim? Ele está blasfemando: ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus". 8Jesus percebeu logo o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: "Por que pensais assim em vossos corações? 9O que é mais fácil: dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados estão perdoados', ou dizer: ‘Levanta-te, pega a tua cama e anda'? 10Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder de perdoar pecados, - disse ele ao paralítico: 11eu te ordeno: levanta-te, pega tua cama, e vai para tua casa!" 12O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E ficaram todos admirados e louvavam a Deus, dizendo: "Nunca vimos uma coisa assim".
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Ambrósio (c.340-397)
Bispo de Milão e Doutor da Igreja - Comentário ao Evangelho de Lucas V, 11-13
Vendo a fé daqueles homens, perdoou-lhe
«Vendo Jesus a fé daqueles homens, disse ao paralítico: 'Os teus pecados estão perdoados'». Como é grande o Senhor! Por causa de uns, perdoa aos outros; de uns recebe a oração, a outros perdoa os pecados. Por que razão, ó homem, não poderá o teu semelhante interceder por ti, quando é um servo que do Senhor alcança e obtém, pela súplica insistente, a graça?
Quem julga, pois, que aprenda a perdoar; e quem estiver doente, a suplicar. E se não esperais o perdão imediato das faltas graves, recorrei a intercessores, recorrei à Igreja, que rezará por vós, e, em consideração a ela, o Senhor vos concederá o perdão que podia ter-vos recusado. Não negamos a realidade histórica da cura do paralítico, apenas queremos aqui realçar sobretudo a sua cura interior, por causa dos pecados que lhe foram perdoados. [...]
O Senhor quer salvar os pecadores e demonstra a Sua divindade através do conhecimento que tem dos corações e dos prodígios das Suas acções: «Que é mais fácil? Dizer ao paralítico 'Os teus pecados estão perdoados', ou dizer 'Levanta-te, pega no teu catre e anda'?» E assim faz-lhes ver a imagem completa da Ressurreição, uma vez que, ao curar as feridas do corpo e da alma [...], é o homem todo que fica curado.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 1,40-45


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 1,40-45
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos:

Naquele tempo, 40um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: "Se queres, tens o poder de curar-me". 41Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: "Eu quero: fica curado!" 42No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado. 43Então Jesus o mandou logo embora, 44falando com firmeza: "Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!" 45Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário ao Evangelho do dia feito por Beata Teresa de Calcutá (1910-1997)
Fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade - Carta às suas colaboradoras de 10/04/1974
«Compadecido deste homem, Jesus estendeu a mão e tocou-o»
Os pobres têm sede de água, mas também de paz, de verdade e de justiça. Os pobres estão nus e têm necessidade de roupas, mas também de dignidade humana e de compaixão para com os pecadores. Os pobres estão sem abrigo e têm necessidade de um abrigo feito de tijolos, mas também de um coração alegre, compassivo e cheio de amor. Eles estão doentes e têm necessidade de cuidados médicos, mas também de uma mão amiga e de um sorriso acolhedor.
Os excluídos, os que são rejeitados, os que não são amados, os prisioneiros, os alcoólicos, os moribundos, os que estão sós e abandonados, os marginalizados, os intocáveis e os leprosos [...], os que estão na dúvida e confusos, os que não foram tocados pela luz de Cristo, os que têm fome da palavra e da paz de Deus, as almas tristes e angustiadas [...], os que são um fardo para a sociedade, os que perderam toda a esperança e a fé na vida, os que esqueceram como se sorri e os que já não sabem o que é receber um pouco de calor humano, um gesto de amor e de amizade - todos eles se voltam para nós para serem reconfortados. Se lhes viramos as costas, viramos as costas a Cristo.