domingo, 13 de fevereiro de 2011

A paróquia, o pároco e o CDC (15)
 
Pe. Cláudio Barradas, pjrbarradas@ig.com.br

Continuando a relação, acompanhada de breves comentários, das obras de Tertuliano chegadas até nós, veremos hoje as prático-ascéticas, que são em número de sete de seu período católico e nove do montanista. 

As sete do período católico: 
1- "Ad martyres", cuja finalidade confortar os cristãos encarcerados.
2- "De spectaculis". Condenação dos espetáculos do circo, do estádio e do anfiteatro e a proibição, para os cristãos, de freqüentá-los, devido à sua imoralidade e à sua estreita ligação com o culto aos ídolos.
3- "De oratione". Oferece aos catecúmenos (os adultos que, então, preparavam-se para receber o batismo) as regras relativas à oração em geral e explica o Pai-nosso.
4- "De patientia". Tratado sobre a paciência, virtude que lhe faltava. Nele afirma que a pior inimiga da paciência é a sede de vingança.
5- "De paenitentia". Trata do espírito e da prática da penitência antes do batismo e da penitência eclesiástica, obrigatória aos batizados culpados de pecado grave.
6- "De cultu feminarum", com dois livros, sobre as vestes e os ornamentos femininos. Combate as diversas formas de vaidade e enfatiza a necessidade da modéstia.
7- "Ad uxorem", também em dois livros. Espécie de testamento espiritual, em que ele pede à esposa que continue viúva, após sua morte, ou, então, só case com um cristão.
As nove do período montanista:
1. "De exhortatione castitatis": exortação a um amigo viúvo a não contrair segundas núpcias, vistas por ele como uma espécie de devassidão.
2. "De monogamia": um violento libelo contra a liceidade das segundas núpcias.
3. Em "De virginibus velandis" ele impõe às virgens o uso do véu não apenas na Igreja, mas em todo e qualquer lugar público.
4. Em "De corona" proíbe a profissão militar, que considera incompatível com a fé cristã, e condena, nos soldados, a recepção de uma coroa, prática, para ele, especificamente pagã.
5. "De idolatria" condena o culto dos ídolos e as profissões que de algum modo os sirvam, tais como, em seu entender, artistas, mestres-escola, funcionários do estado e militares.
6. "De fuga in persecutione": sobre a inadmissibilidade da fuga durante a perseguição, porque, a seu ver, ilícita e oposta à vontade de Deus.
7- "De ieiuno adversus psychicos": defesa da prática montanista do jejum e violento ataque aos psíquicos, isto é, os católicos, acusados de laxismo, por, segundo ele, cederem aos apetites sensuais. Obra de grande importância para a história da prática do jejum.
8- "De pudicitia". Contrariamente às obras anteriores, nega à Igreja o direito de perdoar os pecados, reservando-o aos "homens espirituais", ou seja, os apóstolos e os profetas, e afirma que alguns pecados gravíssimos, como a idolatria, a fornicação e o homicídio, não tem perdão.
9- Enfim, "de pallio", o mais breve de todos os seus escritos. É uma polêmica e obscura autodefesa, irônica e mordaz, endereçada àqueles dos seus concidadãos que o criticavam por ter trocado a toga romana pelo manto dos filósofos.
Como se pode ver, algumas ideias contidas em suas obras da fase montanista contradizem as da fase católica, o que, de certo modo, dá razão a quem afirma que o ser humano é as suas circunstâncias. 
 
Fonte: Cidadela             

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