terça-feira, 20 de julho de 2010

Um sopro de evangelização

O Papa Bento XVI escolheu o dia dos apóstolos Pedro e Paulo para anunciar a criação do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização. O anúncio chamou atenção para a preocupação do Vaticano com a crescente secularização do mundo, especialmente em países europeus, e para o trabalho da Igreja em anunciar Jesus Cristo em todas as partes do mundo e a todas as pessoas. Até então, fazia 25 anos que a Santa Sé não criava um novo Conselho. A necessidade de uma Nova Evangelização nasceu ainda nos anos 70, com o Papa Paulo VI ao explicar em sua exortação Evangeli Nuntiandique “evangelizar, para a Igreja, é levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu influxo transformá-las a partir de dentro, tornando nova toda a humanidade” (EN 18). A exortação de Paulo VI ressalta ainda que não se trata apenas de evangelizar um maior número de lugares ou de pessoas, mas “alcançar e transformar com a potência do Evangelho”. 
O padre André Teles, da Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus, explica que João Paulo II também anunciou a Nova Evangelização. “O Papa João Paulo II nos oferece uma explicação desta expressão na encíclica ‘Redemptoris Missio’, onde ele distingue, dentro da única missão da Igreja, três diferentes tipos de atividade missionária, ou seja, a missão para aqueles que não conhecem Cristo e o seu Evangelho; o zelo pastoral aos fiéis nas comunidades cristãs e enfim a ‘nova evangelização’ nos países de antiga cristianidade que perderam o sentido vivo da fé (RM 34)”.
Padre André ressalta que a necessidade da implementação de um novo jeito de evangelizar não significa abandonar ou julgar formas anteriores de anúncio do Evangelho. “Para o Papa João Paulo II com a ‘nova evangelização’ não se entende dar um julgamento sobre as atividades missionárias precedentes dizendo se são ultrapassadas ou antigas, mesmo sabendo que ‘no caminho da evangelização, ao longo da história da Igreja, não faltem traços da fragilidade e de pecado do homem’. Com este termo a Igreja não quer expressar juízos nem sobre os precedentes ou ‘métodos’ de evangelização e nem sobre a ‘pessoa’ dos missionários de todas as épocas, portanto, nada de fraturas entre a ‘primeira’ e a ‘nova’ evangelização”.
SECULARIZAÇÃO
O Conselho Pontifício para a Nova Evangelização nasceu como um meio de renovar à fé católica, especialmente em países ricos e desenvolvidos. O Anuário Estatístico da Igreja Católica divulgado em abril deste ano mostra que apesar do aumento do número de católicos em algumas regiões, houve uma queda na fidelidade à Igreja em muitos países europeus. Para o Papa Bento XVI, a secularização do mundo se dá pela ameaça a estes países por um “eclipse de um sentido de Deus”. O Pontífice afirmou ainda que o objetivo do Conselho será “encontrar os meios certos para ‘repropor’ a verdade perene do Evangelho”.
Padre André Teles explica que a secularização pode ser entendida como um afastamento da religião, ligado a fenômenos históricos. “A secularização é um processo no qual progressivamente se abandona os esquemas religiosos e o comportamento sagrado. Segundo as teorias de secularização, a modernidade está acompanhando o declínio do sagrado, ensina”.
Novas comunidades
Uma das formas mais evidentes de retomar a fé católica pelo mundo que tem atraído especialmente os jovens, são os movimentos de jovens e as chamadas Novas Comunidades Católicas. Apenas no Brasil, foram registradas, segundo o Instituto Humânitas Unisinos, aproximadamente 550 Novas Comunidades Católicas.
Para a coordenadora apostólica da Comunidade Católica Shalom em Belém, Célia Lima, as novas comunidades contribuem muito com o anúncio da Palavra. “Estas comunidades dão um auxílio muito grande à Evangelização, sem desmerecer as formas de evangelizar da Igreja, porque as comunidades foram criadas dentro da própria Igreja. As novas comunidades acabam sendo a resposta que o homem de hoje necessita, porque de forma mais criativa, mais dinâmica, acabam trazendo as pessoas de volta à Igreja”.
Já para Daniela Garcia, da Casa da Juventude Comunidade Católica (Caju), esse tipo de movimento representa um novo vigor à fé cristã. “As Novas Comunidades e Movimentos, representam o florescer e o frescor da experiência cristã vivida na Igreja. A grande variedade de carisma e dons é um exemplo de unidade na diversidade. Uma das características das novas comunidades é transmitir e cultivaruma experiência atraente e amorosa com a pessoa viva e vivificante de Jesus Cristo”.

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