7. MEDO DA VERDADE
O pai conversava na sala com um fazendeiro que viera comprar gado. A oferta era um boi assim e assim, muito bom, sem defeito etc. O pequeno Humberto ouvia tudo, assentado num canto. No momento de fechar o negócio, ele entrou na conversa:
- Pai, o senhor está querendo vender aquele boi? Mas ele não vale nada. Vive pulando cerca e fugindo para todos os lados...
- Cale a boca menino. Vá pra cozinha com a mamãe.
Palavra de vida: O mentiroso cairá na própria armadilha que ele armou para o outro (Sl 7,16)
Eu estava chegando à casa de um amigo para fazer-lhe uma visita, quando fui surpreendido logo na entrada por um cachorro de aparência hostil. Ele me mostrava os dentes pontiagudos e me encarava ameaçadoramente. Pensei comigo: Avançar ou retroceder? Gritar por socorro ou enfrentar a fera?
Neste momento de indecisão angustiante chegou um menino e aproximou-se do cachorro. Meu coração parou. Pressentia uma desgraça terrível:
- Cuidado, menino! O cachorro está furioso. Ele vai morder.
Mas ele, voltando-se calmamente para mim, respondeu:
- Ele não morde quem gosta dele.
Palavra de vida: A lição me valeu. E vale para todos: Se começarmos a tratar bem nossos adversários, eles também mudarão de jeito. Leiamos o que diz a Sagrada Escritura: Eu amo os que me amam (Pr 8,17)
Era uma vez um sapateiro que vivia cantando e assobiando enquanto batia sola. Um dia Jesus passou por ele e disse:
- Você parece ser uma pessoa feliz.
- Creio que sim, respondeu, sem conhecer com quem estava falando. Ainda ontem vendi um par de botinas. Com o dinheiro comprei mais couro e comida. Assim, dia por dia. Amanhã já é outro dia para mim.
- Pois bem. Preciso com urgência de um par de sandálias. Pagar-lhe-ei o valor de dois pares, ou mais.
- Pois não! Jesus levou a encomenda e pagou generosamente.
Três dias depois, Jesus voltou, mas encontrou o sapateiro quieto, como um rato escondido num buraco.
- Por que não canta mais?
- O dinheiro que ganhei está aí. Minhas crianças começaram a inventar mil e uma necessidades (roupas, meias, produtos, etc.). Esse dinheiro encheu-me a cabeça de minhocas. Perdi o sossego do espírito. Tome o dinheiro de volta.
No dia seguinte foi ter novamente com o sapateiro e o encontrou alegre e feliz. De longe ele escutava suas cantigas descontraídas. Então suspirou, satisfeito também:
- Como o mundo seria feliz se todos ficassem satisfeitos com aquilo que têm para aquele dia.
Palavra de vida: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã”.
Um homem, já no fim da vida com seus noventa anos, está passando os últimos dias numa casa de repouso. O mal de Alzheimer tomou conta de sua pessoa, atacando principalmente a memória.
Sua filha visita-o freqüentemente. Como o fim se aproxima, ela permanece junto dele de dia e de noite.
Num desses momentos em que parecia ter um raio de lucidez, ela perguntou:
- O senhor está me conhecendo?
- O senhor está me conhecendo?
O velhinho olhou para ela de alto a baixo e disse:
- Não sei quem é você. Mas eu sei que amo você.
- Não sei quem é você. Mas eu sei que amo você.
Como se quisesse dizer: O cérebro está fraco, mas o coração continua forte.
Palavra de vida: Tudo pode se acabar, exceto a caridade (1Cor 13,8)
A menina estava de férias e queria ajudar a mãe. Não tinha prática nas coisas, mas tinha boa vontade.
- Mãe, me dê algum serviço.
- O serviço era muito, mas já fiz quase tudo. Falta uma coisa: lavar o gato. Você é capaz?
- Sim, mamãe. Já vi tantas vezes a senhora lavando roupa no tanque.
A menina pegou o gato, e a mãe entrou na cozinha. Molhou o bichano, ensaboou, deu uma escovada e...
Dali a pouco ela gritou chorosa:
- Mãe, o gato morreu.
- Mãe, o gato morreu.
- Ora essa. Estava tão sadio. O que fez com ele?
- Nada, mãe. Molhei, passei sabão, enxagüei e torci. Foi na hora de torcer.
Palavra de vida: A cena do gato é um chiste, naturalmente. Mas tem aplicação moral: Quem não sabe, pergunte. Só boa vontade não basta. Precisamos observar como os outros fazem e pedir explicação.
Quando, um dia, você se julgar insubstituível e pensar que não existe ninguém melhor que você... Ou quando você achar que sua saída vai deixar um vazio irrecuperável, siga estas instruções bem simples:
Pegue um balde e encha-o de água. Enfie a mão dentro dele, até o fundo e a retire. O buraco que ali ficar, terá o tamanho da falta que você fará neste mundo.
Talvez você deixará saudades. Muitos vão chorar. Mas em pouco tempo verá que tudo ficou como antes.
Palavra de vida: Minha intenção não é deixá-lo na depressão com esta reflexão, mas animá-lo a trabalhar ainda mais, praticando boas obras. Estas, sim, ficarão para sempre e serão sempre lembradas. “Somos servos inúteis. Fizemos o que devíamos fazer”. (Lc 17,10)
Nenhum comentário:
Postar um comentário