terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Estudo Mariano 2

Maria, a peregrina na fé.
A vida de fé é uma aventura constante. Assemelha-se ao grupo de amigos que tomam o barco para atravessar um rio largo e chegar à outra margem.
A nossa travessia da vida de fé só termina com a morte.
O evangelho de Lucas mostra Jesus à frente dos seus discípulos. Com decisão indica a direção e abre caminhos (cf. Lc 9, 51; 19, 28). Jesus chama a conversão (cf. Lc 6, 32), o movimento de mudança do mal para o bem ou do bem para um bem maior. A travessia da fé se faz de madrugada, no momento em que se passa da escuridão da noite para as primeiras luzes do dia. Na fé, misturam-se a certeza e a incerteza, a luz e a escuridão, o seguro e o imprevisto.
Com Maria, a perfeita discípula de Jesus, na é diferente. Deu seu “sim” decidido a Deus quando era muito jovem. Iniciou uma travessia, que não sabia com detalhes aonde iria levá-la.
Muitos imaginam que Maria já nasceu como uma santa prontinha e acabada. Pensam que ela já sabia de tudo, já conhecia com detalhes o que ia acontecer com ela e seu filho. Então, teria sido poupada de fazer a travessia da fé. Lucas corrige essa idéia equivocada. Na cena da apresentação de Jesus (Lc 2, 34s) Simeão dirige a palavra a Maria e diz que uma espada traspassará sua alma.
O que significa essa espada?
Por que Lucas não apresenta Maria aos pés da cruz?
Um versículo da carta aos Hebreus nos ajuda a compreender o sentido da espada. Ver Hb 4,12s.
A espada quer dizer o desafio do próprio Jesus, palavra viva de Deus. À medida que Jesus diz ou faz algo novo, Maria se sente chamada a dar mais um passo na fé.
Talvez o mais duro desafio que Maria enfrentou em confronto com Jesus, foi à posição de liberdade que ele tomou em relação à família. No tempo de Jesus, as relações familiares eram muito fortes.
Jesus percebe que precisa estar livre para anunciar o Reino e falar da misericórdia de Deus.
Jesus apresenta sua nova família em Lc 8, 19- 21. Jesus também incentiva seus discípulos a romperem com as relações familiares, de dependência e a renunciarem aos seus privilégios, para segui-lo mais de perto (cf. Lc 18, 28-30).
Como Maria enfrentou tudo isso?
Maria em João.
João não cita nenhuma parábola de Jesus. João só seleciona sete gestos poderosos que nos chamamos de “milagres”, mas João chama-os de “sinais”. Não há nenhuma expulsão de demônios entre os sinais. Para João o demônio, “o príncipe deste mundo” e “pai da mentira” será julgado e expulso de seu poder no momento da morte e ressurreição (cf. Jo 12, 31). Em vez da ultima ceia, João conta que Jesus lavou os pés dos discípulos (cf. Jo 15).
O Evangelho de João terminou de ser escrito quase 70 anos depois da ressurreição de Jesus.
Maria aparece duas vezes no evangelho de João. Maria atua na realização do primeiro sinal de Jesus, em Caná, ao inaugurar sua vida pública (cf. Jo 2,1-11) e Maria permanece ao pé da cruz, no momento da morte do Senhor, no final de sua missão (cf. Jo 19,25-27).
Ao colocar Maria no inicio e no final da missão de Jesus, João está dizendo que ela tem um lugar especial, pois se faz presente nos momentos mais importantes.

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