sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Dia: 05 de abril de 2005

Autor:   Cleber Schumann  - Ex-presidente da Curia Juvenil Mãe da Divina Graça e presidente do Praesidium Mãe Amável
Salve Maria, irmãos legionários!

Há pouco tempo fomos testemunhas de um triste episódio na sociedade brasileira: a aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias pelo Congresso Nacional, a chamada Lei de Biossegurança, e a sua conseqüente sanção pelo nosso sempre despreparado Presidente da República, o senhor Luis Inácio Lula da Silva.

Mas, afinal, qual é na verdade o problema na aprovação desta lei, que tanto indignou a Igreja de Cristo, ou seja, a Igreja Católica?

Para responder esta questão é preciso saber o que venha a ser as células-tronco embrionárias.

Bem, sinteticamente falando, a célula-tronco é um tipo de célula que pode se diferenciar e constituir diferentes tecidos no organismo. Esta é uma capacidade especial, porque as demais células geralmente só podem fazer parte de um tecido específico (por exemplo: células da pele só podem constituir a pele).

Outra capacidade especial das células-tronco é a auto-replicação, ou seja, elas podem gerar cópias idênticas de si mesmas.

Por causa destas duas capacidades, as células-tronco são objeto de intensas pesquisas hoje, pois poderiam no futuro funcionar como células substitutas em tecidos lesionados ou doentes, como nos casos de Alzheimer, Parkinson e doenças neuromusculares em geral, ou ainda no lugar de células que o organismo deixa de produzir por alguma deficiência, como no caso de diabetes.

Células-tronco embrionárias são aquelas encontradas em embriões. Essas células têm a capacidade de se transformar em praticamente qualquer célula do corpo. É essa capacidade que permite que um embrião se transforme em um corpo totalmente formado. Cerca de cinco dias após a fertilização, o embrião humano se torna um blastocisto - uma esfera com aproximadamente 100 células. As encontradas em sua camada externa vão formar a placenta e outros órgãos necessários ao desenvolvimento fetal do útero. Já as existentes em seu interior formam quase todos os tecidos do corpo. Estas são as células-tronco de embriões usadas nas pesquisas.

Além de nos embriões, as células-tronco existem em:

a) vários tecidos humanos (sangue, medula e outros tecidos) mas em quantidade muito pequena;

b) no cordão umbilical e na placenta (em quantidades bem maiores);

Bem, explicada rapidamente o que vêm a ser as células-tronco, vamos então entender por que a Igreja é contra estas pesquisas.

Primeiramente, é preciso salientar que a Igreja não é, como dizem alguns, uma instituição cujo único interesse é retardar o avanço da ciência. Pelo contrário. No caso em tela a Igreja aprova e incentiva as pesquisas com todas as células-tronco, exceto as embrionárias. A Igreja quer que a ciência avance para ser capaz de curar diversas doenças que hoje assolam a humanidade, mas não a qualquer custo.

E é neste ponto que a Igreja coloca o seu limite. A Igreja não é, repito, contra a ciência, mas sim a favor da vida.

A vida é um dom de Deus que a Ele pertence. Nós a temos como que por empréstimo. Deus é o criador. Nós as criaturas. Não podemos nos esquecer disto e nem encarar a vida como se fosse algum objeto, e muito menos como algo descartável. A vida é uma preciosidade, uma maravilha de Deus que homem algum é capaz de reproduzir. Assim, deve ser sempre valorizada e protegida.

A Igreja, sabiamente, ensina que a vida humana começa com a concepção. No momento da união do gameta masculino com o feminino é que a vida humana surge. E diz isto com o apoio de muitos cientistas, pois com a união dos dois gametas já se reúne todo o material genético que vai dar origem ao corpo daquela pessoa.

Na concepção, então, dá-se início a um novo homem, com uma alma depositada por Deus. Assim, matar um embrião é matar uma vida humana, uma pessoa que, como diz São Tomás de Aquino, já existe em potência.

Desta forma, concordar com uma lei que autoriza a pesquisa com células-tronco embrionárias é permitir que milhares ou milhões de pessoas sejam assassinadas sem nem terem a chance de nascer, o que constitui um verdadeiro crime contra a humanidade.

É claro que a busca da cura de doenças é louvável, mas não a qualquer custo! Qual o sentido em  salvar uma vida, se para isto tem que se matar milhares delas? Não faz sentido algum! A vida do embrião ou a vida de um paraplégico tem o mesmo peso, pelo menos perante Deus.

Muitos, infelizmente, encaram a vida como algo descartável, o que é um grave pecado. Muitos acham o aborto aceitável, por ser um incômodo na vida da mulher. Outros acham aceitável perder centenas de soldados em uma guerra para conquistar um poço de petróleo. E muitos acham louvável matar milhões de vidas humanas para ajudar outras a terem uma vida melhor, o que é o caso em tela.

Coitados daqueles que pensam assim. Não é assim que Deus quer! Pois o nosso Deus é um Deus de amor, de misericórdia, capaz de deixar de lado 99 ovelhas para correr atrás de uma perdida. Deus não vê a multidão, mas sim cada pessoa na sua individualidade. Deus ama cada vida humana, pois é obra de suas mãos e do Seu amor. E se somos cristãos, devemos amá-la também, pois é preceito divino que devemos amar o próximo como a nós mesmos.

Assim, caros irmãos, esperando ter esclarecido um pouco sobre esta história das células-tronco, vamos dar palmas para a Igreja Católica, por ter coragem e sabedoria divina para acusar como profeta os desvios cometidos pela nossa sociedade contemporânea. E que nós, católicos, possamos também acusar e nos indignarmos com tamanho desprezo pela vida humana.

Um grande abraço de Paz a todos !!!

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