| Ignorância religiosa |
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Mons. Aderson Neder, neder@arquidiocesedebelem.com.br SACERDOTE DIOCESANO E ESCRITOR
Estatísticas que saíram em jornais sobre a situação religiosa da Igreja Católica no Brasil apresentaram algumas causas dessa possível derrocada, mas se esqueceram, ou não quiseram de fato se importar com ela, sem dúvida a mais preocupante de todas, a ignorância religiosa.
Em minha vida pastoral, inclusive usando de meus escritos jornalísticos, já tenho denunciado esse problema que afeta o Catolicismo, pelo menos em nossa Pátria. Ele existe não só por falta dos pais que, por não terem recebido esse ensino, também não fazem questão que os filhos o tenham. Esse descuido, que se poderia chamar grave, gera a não presença de muita gente que deveria ser um evangelizador entre seus irmãos, não o é simplesmente porque acha que não tem essa obrigação.
O descuido citado afeta de um modo especial a catequese. Um problema contra o qual sempre lutei nas sete paróquias que assumi e nas quais tentei resolver essa preocupação ocasionada pela alienação de muitos paroquianos, mesmo aqueles que frequentavam regularmente a paróquia, nas missas dominicais e em outras atividades. Houve paróquia que, para melhorar um pouco a situação encontrada, logo de início, tive que recorrer primeiramente à juventude, porque os adultos eram os mais omissos e, quando havia alguns representantes deles, era de duas ou três senhoras, porque homens nunca se aproximavam para esse mister pastoral. Catequese?... alguns diziam, isso é para mulher. Acontecia que, nem sempre as mulheres assumiam a missão, sempre pensando que não tinham a obrigação de a realizar.
Houve ocasião, isto antes de eu me ordenar sacerdote, em que tive que dar o exemplo e consegui com outros jovens, formar o primeiro grupo masculino arquidiocesano de catequistas. Se querem saber onde foi, posso dizer, foi na igreja da Sé, nossa Catedral. Foi um trabalho bonito, muito entusiasmante, do qual sempre me lembro com saudade. Como eu tinha sido seminarista e tinha mais preparo religioso, assumi o encargo de ministrar alguns assuntos, como a vivência da Graça, o testemunho cristão, a catequese integral, sem deixar nada como não necessário e outros.
Essa primeira experiência, que marcou tanto a minha vida, não só sustentou minha vocação para o sacerdócio, mas me fez voltar anos depois para o seminário, mesmo deixando meu bom emprego na Caixa Econômica. Tenho que ser justo e declarar o quanto valeu o apoio dos párocos e grandes amigos com os quais trabalhei na Sé: Monsenhor José Maria Azevedo e o hoje também Monsenhor Geraldo Menezes. Eles me incentivaram muito a ser bom catequista e a transmitir isso para os outros.
Para encerrar, conto mais este fato: Sempre fui convidado, como seminarista e até como padre, para fazer uma palestra complementar para turmas às vésperas da primeira Comunhão. Tive sérios espantos, quando ouvia da turma que nem sequer sabia distinguir entre Deus Pai e Jesus. Por hoje basta!
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